quarta-feira, 27 de junho de 2007

Seja bem-vindo, eu.

Alexandre, ex mas ainda atual aluno da UFF, redator estagiário da DPZ, "criação sem pistolão", como diz o livro, blablabla. Feita minha apresentação, vamos ao que interessa.

Falar sobre novas tecnologias, ações mirabolantes, web 2, 3 e tantos ponto zero, bom. Mostrar como as coisas andam - ou correm - no exterior, muito bom. E depois o quê? Lá fora funciona, aqui não.

As barreiras estão caindo: above e below-the-line, atendimento e criação, agora on e offline. Ao menos em países mais desenvolvidos, ou que pensam à frente. Não é o que acontece no Brasil, onde parte da criação não pensa por completo, parte do atendimento é leva-e-traz (muito "traz", diga-se de passagem), parte dos anunciantes vivem com medo do novo e, é claro, onde o desenvolvimento do país é desigual.

Agora, ser diferente lá fora não muda o fato de termos a obrigação de fazer o melhor para nossos clientes aqui dentro, resolvendo seus problemas e construindo marcas e/ou resultados conforme o esperado. Se fosse apenas pra repetir ações feitas no exterior, bastava colocar uma pessoa recebendo e repassando material criado lá de fora para os clientes daqui. As agências seriam receptoras de material. Publicidade control c, control v.

Será que não vale a pena estudar o que acontece aqui, como pensam nossos empresários, o que esperam, como o povo reage às propagandas, para então pensar em campanhas completas e integradas? E quando digo completas não falo de empurrar Internet goelas alheias abaixo, mas de pensar no que realmente resolverá o problema do briefing. Quase indo contra o que faço: nem sempre propaganda é necessária. Por que não uma ação de guerrilha, evento ou RP?

Suzana Apelbaum, diretora de criação da Africa, deu uma entrevista na revista Propaganda de junho, onde fala sobre o "fuso horário criativo". Abaixo está a página escaneada. Na hora do almoço, porque estagiário tem que mostrar serviço até quando vai ao banheiro.

Que isso seja útil para nós - não só criativos, mas publicitários em geral - começarmos a pensar em como fazer propaganda de verdade. Sem modismos, sem adaptações, sem chupadas nas (propagandas) gringas. Inclusive, quem estiver entrando no mercado agora, como eu estou, tem a obrigação de mudar a mentalidade que vigora hoje. Mais ou menos como aquele papo de que as crianças são o futuro do país, mas sem deixar o futuro para a próxima geração de crianças.

Daqui a algum tempo, vamos ver quem vai sobreviver quando chegar a hora de pensar de verdade e por completo no cliente.


6 comentários:

A D R I A N A disse...

Primeiro o nosso interior, depois o nosso quarto, depois a casa, a o quarteirão, a rua, o bairro, a comunidade, a cidade, a região, o Estado, a Região, o País, o continente, o mundo.

Seria uma grande ordem de organização. Quase uma Ferramenta da Qualidade.

Vejo muitos deslumbrarem-se sempre com o "lá fora". Será que compensa enquanto o "dentro" - seja do brasil ou de si - permanece em descuido?

Ótimo Blog!

Buzina Louca disse...

Submundana,

No século XXI, somos mais cidadãos do mundo do que imaginamos. A internet é a prova disso. O olhar interno deve ser regra e implícito em todos nós, o externo serve como refência, nada mais que isso.
Obrigado pela leitura e colaboração. Participe o quanto quiser, seja bem-vinda. Abr
Eduardo Barbato

Anônimo disse...

Ótima reflexão...
Mas será que, num mercado como este, em que - quando estamos empregados - tudo é para ontem, dá pra parar pra pensar em, por exemplo, "como o povo reage às propagandas"? Quem pensa nisso tá fora do mercado, quem tá no mercado não pensa nisso... complexo!

Buzina Louca disse...

Muito bom!! Acho que pensamos, mas definitivamente não como deveríamos.
É fato e realmente complexo. Mas a falta de planejamento e cobranças por resultados imediatos são heranças que devemos aos poucos tentar modificar.

Unknown disse...

Nosso trabalho não é estar sempre ligado em tudo o que acontece? Então, nada mais natural do que prestar atenção ao que está relacionado ao nosso meio.

Se nossa cultura fosse mesmo a de resolver problemas, mudaríamos. Por exemplo, não dá pra reduzir estrutura e querer que quem sobra faça mais. Ainda é bom ter vida pessoal, né?

Enfim, complexo mas fundamental.

Anônimo disse...

"You can talk the talk, but can you walk the walk?" (não, não é um título pra um comercial da J. Walker), apenas uma provocação para o que foi dito...
Ja sou prolixo por natureza então não vou estender meus comentários, apenas definir em duas palavras: VIVÊNCIA e FEELING...

merda, não era pra terminar nesse tom cafona...